Seja bem vindo!

Todo o conteúdo que passarei aqui, obviamente não foi apenas das entrevistas, li os livros de Carlos Ficker, Herculano Vincezi; Mario Kormann e do Eugênio Herbst e ótimo trabalho de Paulo Henrique Jürgensen; estes merecem o meu mais sincero agradecimento, "pois se tenho algum mérito é porque estive apoiado em ombros de gigantes". Contudo, a alma de todo material que apresento, devo única e exclusivamente a essas pessoas que merecem todo crédito:

Meu amigo Marcio Augustin; Sra. Cassilda Detros; Prof. Ione dos Passos; Seu Nêne Zumbah; Dona Santinha; minha prima Déborah Duvoisin; Dona Enezilda Schwartz (pela infinidade de fotos cedidas); A Irmã Alice (na época diretora do Hospital); Marli Telma; Nádia Bartch; Renato Duvoisin; Seu Adolfo Saltzwedel e ao Sindicato Rural; Ao Dr. Mario Kormann, Seu Ernesto Rocha; Seu Noirton Schoereder; Seu Valdírio Baptista e Família, Seu Osni Cubas; Seu Algacir Lintzmeier; Roberto Reizer; Seu Afonso Carneiro; Seu Osvaldo José Slogel; Braulio José Gonçalves; Seu Silvio Bueno Franco e sua esposa a Professora Sirlei Batista Bueno Franco; A Paróquia Santíssima Trindade; Seu Quinzinho Moura (e seu toque de gaita); Seu Augusto Serafim; Seu Deoclécio Baptista; Dona Hilva Machado; Seu Alonso Kuenen; a Dona Eulália Pazda; e tantos outros que eu talvez, injustamente tenha esquecido.

Obrigado Especial ao meu amigo e primo Luis Carlos Amorim que me conduziu e me apresentou a imensa maioria de todas esses cidadãos beneméritos campoalegrenses.

Obrigado a Todos, que ao cederem suas memórias, lembranças, músicas, fotos, documentos e um pouquinho de suas vidas; permitiram esse trabalho de divulgação de nossa cidade.



segunda-feira, 2 de maio de 2011

Protestos e Levante Armado na Serra Dona Francisca - III

Transcrevo trechos do artigo do Jornal "Gazeta" de Joinville em 1878 sobre o fato:

"No Campo de S. Miguel roubárão e matárão 2 novilhos que ahi encontrárão, charqueando e comendo-os. Chegando na arrabalde de Joinville, na tarde do dia 16, em número de 300 pessoas, todas armadas, as autoridades policiais forão ao encontro delles e admoestados do Delegado de Policia, depozerão as armas na casa do Fiscal da Camara, residente na entrada da cidade.
Assim evitou-se, graças á energia e prudencia do Delegado de Policia, Sr. Jordan, para o momento o derramamento de sangue, pois o povo, já avisado do perigo imminente, foi firmemente resolvido de não conceder entrada na cidade a essa gente, senão desarmada."

De fato, o confronto só não aconteceu de forma mais sangrenta, pelos serranos terem sido esperados em tocaia pela população de Joinville. Ficaram aguardando os indesejados visitantes, logo no início da serra e na venda do Sr. Froehlich. Participaram toda a guarnição dos Bombeiros Voluntários, a Sociedade de Atiradores e demais populares.
Estando desarmados, montou-se uma comissão entre os revoltosos que ficaram ao encargo de criar uma lista de reivindicações à Colônia. Acabaram negociando 1 conto de réis para provisões imediatas e promessas das obras da Dona Francisca serem retomadas e se foram no dia 18.

Acabou a rebelião mais ou menos dessa forma, dias depois, chegou a Joinville e posteriormente a São bento, o Secretário de Polícia de Desterro (Florianópolis) e mais 28 homens ( 7 policiais e 21 praças), para prosseguirem nas investigações do ocorrido e conseqüentes prisões.

domingo, 1 de maio de 2011

Protestos e Levante armado na Serra Dona Francisca - II

Como dito antes, a fome devido as chuvas em demasia e o fenômeno da "Taquara em Flor" ocorrida naquele ano de 1877, aliado a vinda de mais de 800 bávaros recém chegados da Colônia e o completo descaso dos Governo Catarinense, que não mantinha por aqui qualquer benfeitoria pública que fosse e a resolução do Governo Imperial de cortar drásticamente os gastos com a Estrada Dona Francisca; impulsionou os populares locais contra a administração da colônia.
A colônia na época era Dirigida pelo Dr. Bruestlein em Joinville e representado, serra acima pelas autoridades policiais nomeados: August Heeren (sub-delegado) e Karl Kamienski (suplente de sub-delegado).
Apesar de telegramas enviados por Bruestlein ao Ministério da Agricultura que cuidava dos repasses de valores para a estrada, e para o Presidente (governador) da província de Santa Catarina, não houve qualquer resposta satisfatória que impedisse o que estava por vir: o levante que envolveu cerca de 300 colonos em 12 de março de 1877. O Sub Delegado Heeren acabou sendo aprisionado pelos revoltosos, mas Kamienski ao perceber a sorte do colega enviou mensagem sobre a situação para o diretor da colônia em Joinville.
Aqui se faz uma pausa para transcrever um trecho do livro de FICKER:
"Agravou a situação quando os comerciantes de São Bento cortaram o crédito aos colonos que não traziam mais dinheiro das obras da estrada. Houve reuniões e, como sempre acontece, em tais casos, apareceram os agitadores para estimular o povo indeciso. Assim a massa de desordeiros aumentou, a ponto de o sub-delegado August Heeren e o suplente Kaminski nada conseguirem fazer para acalmar os amotinados.
É digno de nota que entre os inúmeros colonos estabelecidos em São Bento existiam elementos inadequados, que não se ajustavam à organização colonial. Nas últimas levas de imigrantes encontravam-se proletários das cidades industrializadas e classificadas pela Direção da Colônia como "vadios", "vagabundos" e "socialistas"." (1973)
Me chamou atenção esse trecho pela parcialidade com que FICKER descreveu o evento e os agentes envolvidos. Imagino que talvez, devido ao contexto histórico de quando foi escrito o livro, em plena ditadura militar, onde se imperava o lema do positivismo, da ordem e progresso hegemônico a todo custo; além disso, escrever bem a respeito de "socialistas" naquela época poderia render sérios dissabores  ao autor.
Voltando ao levante popular; transcrevo a mensagem mandada as pressas pelo Sr. Kaminski ao diretor da Colônia:
São Bento 12 de março de 1878.
Ilustríssimo senhor!
Os colonos dessa freguezia de São Bento, no dia 12 deste mês, principiarão fazer barulho com nois negociantes e com o Sr. Hereen probocando já matar e robar tudo: por felicidade parece por hora tudo suscegado, mais acertaram se todos amanhã hir para baicho, levando consigo por força a pé o Sr. August Hereen. Por via disto tenho a honra de participar a V.S. como tambem o Sr. Delegado para tomar providências pro dia 14 ou 15 deste mez. Os Chefes do barulho são Guilherme Bichnner, Wenzel, Bergmann e Lorenz.
Deos Guarde a V.S.
Carlos Kaminski, suplente de sub-delegado.
PS: Escrevo ligeiro, por que o barulho durou até a noite, e quero que o portador chega antes dos barulhentos".

Dessa forma, um oficial da sub-delegacia conseguiu furar o cerco dos revoltosos  e entregou a carta-aviso a Direção a tempo desta preparar uma emboscada serra abaixo; mas essa parte e de como se deu a marcha até lá, veremos em outra postagem.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Protestos e Levante Armado da Serra contra a Colônia Dona Francisca

Houve um interessante episódio em nossa história em 1878. Um levante popular considerável contra a administração da colônia, sediada em Joinville. Este episódio mobilizou centenas de populares armados em marcha até Joinville, levados pelo desespero da fome.
Para melhor entendermos o que levou os populares a medida tão extremada, é necessário visualizarmos o contexto, o que acontecia por aqui naquele ano de 1878.

Segundo o livro de Carlos Ficker, havia um correspondente desta região do Jornal "A Gazeta" de Joinville, no ano de 1877. Ele usava de um expediente curioso para contar sobre a realidade dessa região na época, escrevia artigos intitulados "Cartas a meu tio Manduca". Analisemos alguns trechos trazidos no livro: 

"O centro do nosso districto progride, com quanto se fação sentir algumas necessidades. Já era tempo para ter-mos uma Igreja do gremio catholico para veneração do culto divino, termos apenas uma insignificante ermida sem capacidade para a quarta parte dos fiéis".

"Sobre instrucção he que estamos em grande atrazo; pelas immediações ha muito povo brazileiro e grande número de rapazes analphabetos : há lugares aonde he preciso caminhar leguas para mandar fazer um simples escripto, ou mesmo para obter-se uma assignatura. Escolas particulares não vingão, porque os pais achão ser lhes difficil patar 2$000 rs por mez, e por isso poucos meninos as frequentão, resultando que aos douz ou três meses, o professor, para não parecer á mingua, despede os discipulos e trata de outra vida: uma unica escola tem aturado, nas Avencas, vai em um anno que está a expirar, findo elle tambem o professor se vai retirar por não lhe dar o rendimento preciso para sua subsistência".

Sobre esses dois trechos, que relatam retratos de como era a vida nessa região nesse ano de 1877, podemos tirar algumas informações.
Primeiro: havia um certo ar de abandono na região quanto a presença pública, digo, quanto ao governo, (não podemos esquecer que já nesta época havia a contestação deste território entre o governo do Paraná e de Santa Catarina). Este abandono se traduzia na falta de igreja, escolas  e demais serviços públicos de segurança e administração. As cartas ao tio Manduca, confirmam aquilo que já havíamos escrito sobre as capelas erigidas pela região; as famílias mais abastadas faziam as suas, e a vizinhança as freqüentava para os serviços religiosos em geral, (comunhão, batizados, velórios e casamentos, além dos cultos gerais).
Quanto as escolas, me permiti grifar a parte que fala sobre escola na Avencas, que acredito ser nas proximidades do Rio Negro, ou na comunidade de "Santo Antônio dos Carneiros" que era nominação antiga para essa localidade, identificando inclusive a família Carneiro que foi colonizadora sob auspícios do Governo do Paraná.
Voltando a revolta armada; este abandono da civilização e da presença governamental de forma mais eficiente; aliado a outros fenômenos sociais a saber: o inchaço populacional imigrantes vindos nessa época, o fracasso da colheita, principalmente do trigo, (devido a estações de seca e enchentes em seguida), ocasionou a fome; ainda mais agravado pelo fenômeno natural da Floração da Taquara, que ocasionou a vinda de ratos e pragas para as lavouras, que dizimaram as outras culturas de alimentos restantes. 
O quadro em si, já esta horrível, mas ainda pôde piorar um pouco mais. A província de Santa Catarina suspendeu o subsídio que repassava de via federal para a Colônia, o que provocou a falta de pagamento e crédito para os trabalhadores da Estrada Dona Francisca. 
Junte falta de dinheiro, falta de comida, abandono público; não fica difícil de imaginar que uma revolta armada em breve. E de fato ocorreu. 
Agora que sabemos uma parte do contexto, deixaremos para amanhã, o restante do relato: de como se deu essa marcha contra a direção da Colônia, ou seja, contra Joinville, por extensão.

domingo, 24 de abril de 2011

Feliz Páscoa!!! E paz a todos em 2011.

Estou preparando uma série de textos ainda para essa semana, contudo, hoje me limitarei a desejar votos de Boa Páscoa a todos.
Não sou muito dado a felicitações de época, todavia, me considero especialmente inspirado, e portanto, farei minha parte. Em minha concepção, desejar Paz a todos, nada mais é do que desejarmos a tolerância a todos, alteridade (a capacidade de olhar com o olhar do outro e não pelo seu), respeito e dignidade. Parece algo óbvio de se falar, mas muito difícil de se constatar (e praticar) no dia a dia. Muitos que se dizem cristãos, e de fato são assíduos frequentadores de seus cultos, têm uma tremenda dificuldade de conseguir superar a ortodoxia, e enxergar a pluralidade e a riqueza da existência humana.
Sejamos ricos de espírito, portanto! Boa páscoa a Todos!

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Páscoa celebrada com o Hospital São Luis.

Quero registrar aqui, a tarde agradável de ontem na ala geriátrica do Hospital São Luis, em companhia de simpática gente. Agradeço aos idosos, seus parentes e ao pessoal do Hospital que nos receberam com o coração aberto. Vale registrar o agradecimento aos músicos que foram de boa vontade tocar e brincar com nossos idosos.


Ismael (SBS) com sua violinha

Diego Telma (Bateias) animando com sua gaita.
Esquerda para direita: Ismael, Seu Paulo Tchoeck, Laércio Virmond e seu sogro. Estes dois últimos cuidavam das músicas mais sentidas com bonitas declamações.
O Grupo Todo, da Esq. para Direita: Ismael, Irmã Lurdinha, Láercio, Diego, Seu Paulo, e eu.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Causos de Sexta-feira Santa.



Hoje é sexta feira da paixão. E em alusão a esse dia vou contar dois "causos" que ocorreram nesse dia há anos atrás. 
Normalmente, esse dia é um dia triste e taciturno; usado pelos cristãos para relembrar o sacrifício feito por Cristo em favor da humanidade; em Campo Alegre não poderia ser diferente. Uma das formas de relembrar o martírio é a encenação das doze estações, a "via crucis". Não sei precisar se a encenação da paixão de Cristo, aqui, é de longa data, mas posso resgatar uma encenação em particular que ocorreu lá pelos idos dos anos 80. 

Causo de Campo Alegre, 198...
Eu deveria ter uns 10 anos, então podemos supor 1984.
Pois bem, nesse ano, uma encenação na cidade foi providenciada e os papéis foram distribuídos ao atores. Dois me chamaram muita atenção! O papel de Cristo foi passado ao Agostinho Minikowski, até aí tudo bem, homem barbudo e grandalhão; já o de centurião romano que se encarregaria pessoalmente dos açoites seria o Laurinho Leppeck. Laurinho, é uma figura muito conhecida na cidade, sua família veio a Campo Alegre nos anos 60, instalaram-se como comerciantes de bebidas (distribuição da Brahma) e atualmente gerenciam o Restaurante Calçadão. O inusitado da escolha do Laurinho para Centurião, era a princípio o contraste de estatura dele com o Minikowski; este era grandão e Laurinho não deve ter mais que 1,60m de altura. Então a cena por si já era memorável, vinha o grande carregando uma cruz, sendo açoitado e perturbado pelo mini centurião. 
Nos ensaios e para o dia do drama, foi confeccionado um cabo de vassoura de meio metro e na ponta deste algumas fitas arrancadas de k7ś; objeto que dava a ilusão de ser um chicote. Pois no dia, o Laurinho apareceu, não com o chicote de mentira, mas sim com um arreador. Na hora, Agostinho protestou, mas Laurinho disse: "Não se preocupe, eu vou estalar o chicote no pau da cruz, que é só pra fazer barulho". E assim se aceitou o arranjo, pois já não dava mais tempo de qualquer outro.
Quando já estavam no meio da procissão, o centurião Laurinho empolgou-se no papel, e começou a descer o chicote no lombo do Cristo Agostinho, no que este gritou:
- Tá doendo Laurinho! Não tá pegando na cruz!

E o Laurinho rapidamente:

- Cala Boca Judeu!

E dele chicote no judeu. E a procissão seguiu.


Causo 2 - Taió, Anos 50.

Esse causo, não aconteceu em Campo Alegre, mas já que estou no assunto, gostaria de relatar esse também, pois é muito bom! Eu o extraí do livro de causos do meu amigo Herculano Vicenzi. 

Pelo que lembro do que li, em Taió, (proximidades de Rio do Sul); havia nos anos 50, uma procissão que encenava as doze estações em direção a uma igrejinha em cima dum morro. Naquela época a estradinha que levava até o cume do morro não era pavimentada, e como havia chovido muito na véspera, estava que um lamaçal só. Todavia a fé é grande e o cortejo com o povo prosseguiu. Já no início da subida do morro e da encenação, o Cristo cai com cruz e tudo e dá de cara no barro, o povo fica desconcertado, sem saber exatamente o que fazer nessa situação. A resposta vem de um bêbado que seguia a procissão com um sonoro:

- "E Jesus cai pela primeira vez!!" .

Não teve jeito, todos desataram na gargalhada; mas logo se recomporam e seguiram com o cortejo, talvez com um sorriso no lábio, mas com muita fé.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Alma de Viola, Alma de História - Encontros de março e de abril.

Após algum tempo de muita ocupação, atividades diversas e um pouco de preguiça; volto a escrever no blog.
Como já acontece há mais de um ano, eu, a Rádio Cidade de Campo Alegre, músicos amadores e profissionais da cidade, promovemos a cada mês um encontro, sempre em um lugar diferente com intenção de principalmente tocar músicas de raíz e jogar conversa fora.
Vou relatar nesse texto presente, dois encontros, que ocorreram em fevereiro e em março, na comunidade do Rio Represo e de Bateias de Baixo respectivamente.

O encontro de Rio Represo (Março de 2011).

Logo após realizarmos o encontro de janeiro no Restaurante do Itamar, comecei a procurar um local para o novo encontro de março. Através das participações dos ouvintes no meu programa de rádio, a Família da Dona Frida Carvalho ofereceu-se para sediar. Então fomos lá. Este encontro foi simples, mas muito gostoso de fazer.
Rio Represo, Fevereiro de 2011. a direita está Texeirinha com o surdo, Baixinho (Cláudio) e Seu Paulo Tchoeck com violão. De camisa branca a esquerda está o Cláudio Carvalho, Gaiteiro (sem gaita nesse dia) e anfitrião do encontro. 
Dona Frida é uma simpática senhora que vive no Rio Represo com sua família. Seus filhos e ela freqüentemente ligam para o meu programa aos domingos para mandarem recados e pedirem músicas; assim, foi natural fazer o convite do encontro e mais natural ainda nós (músicos) atendermos essa simpática família.
Encontro de viola no Rio Represo - Março de 2011 - Dona Frida Carvalho (Dir.), com amigos e familiares, ouvindo a cantoria.
Da Esq. para Dir: Músico do local, Cláudio, Paulo Tchoeck e Texeirinha.
Família de visitantes de Campo Alegre ao encontro com Dona Frida.
Encontro do Rio Represo - Março de 2011. Da direita para esquerda: Eu (Robson), Seu Jorge e a Esposa (moradores do Campestre).
O encontro foi até umas dez horas da noite, e quando fizemos menção de ir embora, o "Nique" não nos deixou sair sem antes provar do viradão que sua esposa preparara.


O Encontro de Viola de Bateias de Baixo - 16 Abril de 2011.


Esse já foi o terceiro encontro realizado em Bateias, sendo os dois primeiros no Bar Armazém. Este último do dia 16, aconteceu no Restaurante do Celso Telma e foi um dos maiores que fizemos. Talvez não tenha sido o maior em número de pessoas mas o foi em número de músicos e de participação das pessoas. O seu Celso é ouvinte do programa (pela internet, pois segundo ele, na sua casa não pega rádio cidade). Fez o convite, convite aceito.
Nesse encontro, é importante frisar todo o apoio do pessoal da rádio, principalmente ao Presidente da rádio, Ivo Kestring, que nos encontros se reveza nos papéis de cantor, violeiro, técnico de som e de vídeo.
Bateias de Baixo, Abril de 2011 - Esq. para Dir.: Laércio Virmond e seu Sogro, Seu Vigando, Seu Luizão, Seu Pedrão e Paulo Tchoecke e o Ivo.
Bateias de Baixo, Abril de 2011 - vista parcial do público presente ao Encontro.  E mais músicos ao fundo tocando para a platéia (inclusive eu me metendo a tocar colher)
Gravei um vídeo e postei no youtube, para terem uma idéia da energia legal que estava no encontro.
Você pode assistir aqui ou ir para o site: http://www.youtube.com/watch?v=zugps93ppqI


A música no vídeo é gauchesca, isso demonstra a pluralidade do encontro. Quem canta é o nosso Radialista da "Hora do Chimarrão" o Osvaldir Dranka e é acompanhado pelo gaiteiro Diego Telma e o Violeiro Dinho Reizer. Foram mais de 14 músicos participantes, fora a palhinha do povo que chegava para participar.


Até o Próximo encontro em maio na Avenca do Rio Negro!!!

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Quem não se comunica se trumbica (Chacrinha)

Esse era um dos lemas pronunciadas toda semana, na TV, pelo irreverente apresentador de auditório Chacrinha; (bons tempos aqueles, quem assiste Faustão que o diga!). Bom, apesar do lema ser dito para provocar o riso, não deixa de ser verdade. E isso me faz refletir: como seriam nos primeiros tempos as formas que nossoas antepassados usavam para se comunicar? Em cima desse tema, vou colocar alguns textos...
Tempos que não havia sequer telefone e rádio, a comunicação era essencial para a noção de civilização para esses povos. Cartas pessoais, jornais e posteriormente telégrafos foram a resposta para essa grande necessidade civilizadora. Como seriam então estes jornais, quais os meios usados nos transportes das encomendas e das cartas? São perguntas que não as tenho todas, contudo, na história dos municípios vizinhos poderemos encontrar pistas do nosso passado esquecido.
O primeiro Jornal da Região da Colônia era o Kolonie Zeitung, fundado em 1862 pelo imigrante Ottokar Doerffel em Joinville. Este Jornal era escrito em alemão e as vezes era bilingüe em algumas tiragens; tinha circulação em toda colônia Dona Francisca (o que nos inclui) e na região da Colônia de Blumenau também. Eis um anúncio publicitário deste Jornal sobre o serviço de diligências a lá, "farwest". 

Segundo o site http://www.bemsul.com/sc/joinville/1862-kolonie-zeitung/ ; o jornal continuou em circulação através de vários títulos, até a segunda guerrra mundial (1945). Atribui a campanha nacionalizadora de Getúlio Vargas como hipótese para que o jornal tenha se extinguido. Aliás, essa campanha nacionalizadora e os movimentos integralistas foram fortes aqui também em Campo Alegre. Tivemos um partido Integralista com importantes membros de nossa comunidade em seu quadro de associados. Todavia, essa história ficará para outro momento, para não perdermos o foco da discussão.
Outros jornais foram fundados, tanto em Joinville, como em São Bento do Sul e até mesmo em Campo Alegre. Tivemos a fundação do Telégrafo no início do século XX, mas deixarei para comentar sobre tudo isso numa outra oportunidade.

Ora pro Nobis - Muita fé e trabalho.

Antes de mais nada, me desculpo com o leitor sobre a ausência de textos em mais de uma semana. Em minha defesa alego uma semana atribulada de deveres e confesso um cansaço beirando a preguiça ao fim dos dias que sucederam essa semana. Feito o "mea culpa, mea máxima culpa"; podemos proseguir os trabalhos.
Para hoje, pensei em transcrever  trechos de um texto de autoria de três estudantes na época sobre a biografia do Padre Luis Gilg. As estudantes citadas são as senhoras Zilma Schwartz, Raquel Benta Pereira e Lourdes Herbst Franco. Este texto foi publicado no Jornal "A Notícia" de 17 de março de 1985 e também no livro de Herbst. Para não ficar apenas na "fiúza" das pessoas que elaboraram esse excelente trabalho, colocarei fotos relativos aos fatos descritos nos trechos. Segundo essa biografia, antes de chegar a Campo Alegre como pároco, Luis Gilg trilhou os mais diversos roteiros e paradas no mundo. Alemão de nascença, aos 21 anos embarcou para a África na condição de irmão leigo dos Benedetinos. Foram 8 anos vivendo nas tribos Angone em Noanda.
 
Padre Luis Eduardo Gilg
Ao terminar seu tempo no continente africano, não teve descanso, foi mandado para o Rio Branco - Brasil (Acre); para agora trabalhar com indígenas brasileiros. Após um período em São Paulo, terminando seus estudos de teologia; dali foi trabalhar em Manaus, depois Africa novamente; quando porfim retornou ao Brasil, dessa vez a Joinville, onde ficou sabendo e incumbido da paróquia de Campo Alegre, para substituir o Vigário Luiz Mocka.
Eis a parte que vou transcrever dos trabalhos das estudantes, assim como seu próprio trabalho é uma transcrição do livro do tombo católico. Aqui vai as primeiras impressões do padre sobre nossa comunidade em 1941:
"... Ao iniciar minhas atividades colaborei na Festa Anual de Cristo Rei (?!), com o muito estimado Pe. Aldo de Madice, que se retirava com minha chegada para o Estado de São Paulo onde iria tratar sua saúde. Pe. Aldo foi muito estimado por todos os paroquianos e principalmente pelas crianças, que se acostumaram a ver nele seu orientador e um grande amigo..." (livro do Tombo)

O relato continua, ainda cita a ida do Padre que estava temporariamente assumindo a paróquia (Padre Aldo), que nesta data levou consigo, "uma criança de pais de cor preta para acabar de criar e educar" em viagem a São Paulo na garupa de sua moto. Seria interessante se soubéssemos hoje quem seria esse ilustre desconhecido (a criança).
O relato continua:
"Iniciando minha administração, comecei a desfrutar da honrosa hospitalidade das Boas Madres e Irmãs Bernardina de São Franscisco. Encontrei nas pessoas das irmãs ótimas colaboradoras do Catecismo e da Igreja..." 
Convento das Irmãs Bernardina de São Francisco na Rua Padre Lino Vier

Mais um exemplo de como as Irmãs Franciscanas atuavam junto a Educação Campo Alegrense. Excursão estudantil em 1957


"Depois tratei de visitar as capelas, onde fui recebido por todas elas, com carinho e afeto. Porém os caminhos para as capelas são ruins e lamacentos e a minha condução é somente uma bicicleta por isso me expus a idéia de comprar com a ajuda dos paroquianos, um cavalo..."
 Se o Padre comprou ou não o cavalo, não sei dizer, mas se o fez nao ficou com o animal muito tempo; parece-me que ele também fez uso de uma charrete para os serviços; em seguida adquiriu um calhambeque; e um jipe rural por fim. Parece que gostava de correr e confiar na providência. "Fé em Deus e Pé na Tábua", poderia ser seu epitáfio também.
O Calhambeque Ford do Padre e Pessoas que o ajudavam, inclusive nos serviços médicos que prestava.


Padre Luis, o Médico Duda e o Jeep Rural que usava.

domingo, 27 de março de 2011

Ora Pro Nobis II - Mais alguns episódios

Em entrevista com a Dona Santinha, esta nos revelou que foi batizada pelo Padre Dorotheo Maria Zoellner, o primeiro padre fixo de Campo Alegre. Este reverendo pároco assumiu a Igreja Matriz da Divina Providência no dia 6 de junho de 1920. Até então, vinham de tempos em tempos padres com a incumbência de fazer os serviços religiosos necessários. Entre as tarefas que estavam a seu encargo, Padre Dorotheo tinha de lavrar o livro do tombo; e sua letra e redação indicavam um refinamento no domínio da língua nacional. 
Embora tenha sido o primeiro padre oficial de Campo Alegre, Dorotheo não ficou muito tempo a frente da paróquia; foi embora um ano e dois meses depois, em agosto de 1921.
Para facilitar a compreensão, estabeleçamos uma linha cronológica que ficaria dessa forma:
- Padre Dorotheo Maria Zoellner; (1920 - 1921) *
- Padre Bernardo Fichter; (1921 - 1927) *
- Padre Luiz Gonzaga Mocka; (1932 - 1941) *
- Padre Aldo de Madice; (1941 - out/1941) 
- Padre Luiz Gilg; (1941 - 1964) *
- Padre Lino Vier;
- Padre Pedro Bastos;
- Padre Ivo Daikamp;
- Padre Atílio Zatiko;
- Padre Ademir Bauler.
( a lista segue - necessito averiguar os demais padres titulares da paróquia desde então).
OBS: O sinal (*) está indicando os padres que faziam os serviços religiosos em duas línguas quando necessário.
Comunhão pelos idos de 1938 - Padre Luiz Mocka

Padre Bernardo Fichter e Turma de Comunhão - Notem a frente da antiga igreja sede.

Padre Bernardo Fichter - Fonte: Inezilda Scharwz
É claro, que estes não foram os unicos padres que prestaram serviços nessa região nestas épocas. Vieram para cá uma infinidade de religiosos em tempos de Missões e também haviam os que auxiliavam os padres titulares já citados. Um que bem me lembro, que veio a Campo Alegre já com uma idade mais acentuada, assumiu como Capelão do Hospital era o Padre Romero. Tinha um ar muito sereno e jovial. Abaixo colocarei uma foto deste e da Irmã Assunta, a primeira freira Salvatoriana que veio trabalhar no Hospital São Luiz.
Padre Romero (in memoriam) e Irmã Assunta

segunda-feira, 21 de março de 2011

Ora Pro Nobis - Uma História de Fé.

Como dito num texto anterior, a igreja sede, a matriz católica de Campo Alegre teve sua construção iniciada em 1887 - (dez anos antes da Emancipação Política da cidade). Antes de ser cidade, Campo Alegre já era reconhecida como Freguesia desde 1888 e sobre invocação e proteção da Santíssima Trindade.
Parece que a igreja levou 5 anos para ser construída. Não era muito grande, era um pouco maior que uma capela, mas significava muito para aquela comunidade naqueles tempos. Há registros que já existiam capelas erigidas nas propriedades da famílias mais abastadas. Foram nessas capelas primárias, que o povo aqui manifestou sua fé e celebrou seus casamentos, batizados e pranteou seus entes queridos que se foram. 
Uma destas propriedades que recebeu muitas famílias para esses fim era pertencente ao Coronel Afonso Ayres Cubas, que era conhecida como "Fortaleza" na estrada Jararaca (próximo do Lageado hoje).No trabalhoso e elogiável livro "Famílias Tradicionais - Povoamento do Alto Vale do Rio Negro" de Paulo Henrique Jürgensen; pode-se aferir uma grande soma de registros dessa natureza aqui na região.

Antiga Igreja da Santíssima Trindade de Campo Alegre - Data incerta. (a direita da igreja pode-se observar um pouco da fachada da antiga casa paroquial).

Segundo registros que constam no Livro do Tombo, no livro de Herbst e no Livro "Focalizando Campo Alegre" (1957). Francisco Bueno Franco forneceu gratuitamente as telhas e os tijolos para cobertura da igreja, oriundas de sua olaria - a unica na época. Já o terreno foi doação de Francisco Teixeira de Freitas. Obviamente, é até desnecessário dizer a essas alturas, que o povo fez toda a obra em forma de pichirum!
Em 1920, foram feitas reformas no prédio e daí os principais personagens foram seu Chico Duarte, João de Paula Camargo e Bento Martiniano D'Amorim; além dos demais ilustres citados já no texto que falava da eletrificação da cidade - (vide "Fiat Lux"). No "Focalizando Campo Alegre", cita-se a construção da casa das irmãs nessa ocasião. Esta casa é da ordem  Franciscana e permaneceu em Campo Alegre até a instalação das Irmãs Salvatorianas que ficaram encarregadas do Hospital São Luis. Esse convento ficava nos fundos do atual Banco SICOOB na rua que vai dar no Templo da Assembléia de Deus. Vejam a fachada do Convento:
Convento Franciscano em Campo Alegre - Data imprecisa.
Ainda há muito o que escrever sobre a senda religiosa do município, mas deixarei para mais textos em outros dias... até lá!

domingo, 20 de março de 2011

Uma ajuda bem vinda!

Boa noite a todos! 
Este fim de semana, foi muito bom, não apenas na oportunidade de encontrar amigos e parentes na Festa da Ovelha em Campo Alegre, mas em todos os outros quesitos: fiz mais um programa de rádio, que bem ou mal feito eu gosto muito de fazer, e já estou engatando o próximo encontro de violeiros e amigos que vai ocorrer no SÁBADO QUE VEM!!!  Vamos programar uma caravana (de um ou dois carros..hehehehe) para sair da frente da Lanchonete Cachorrão as 18 horas de sábado dia 26 em direção ao Rio Represo. Quem quiser ir, sinta-se nosso convidado.

Pois então. Além de toda essas boas notícias, hoje recebi um email da sempre gentil senhora, a Dona Norma Figueiredo que me enviou 3 fotos... e serei sincero: Fiquei maravilhado com a foto da Prefeitura Municipal, aproximadamente década de 30. Lembrando que se esta data estiver certa, o prédio em questão tinha não mais que doze anos de construção, pois foi feito em cima de onde havia a antiga prefeitura que foi destruída por um incêndio. Essa história do incêndio ainda vou abordar com enfoque, tem gente me prometendo contar essa história com mais detalhes.
Prefeitura Municipal - Década de 30
O jardim de cedrinhos, (muito bem podados!) realmente foi uma grata surpresa para mim, que desconhecia completamente essa "novidade antiga".
Foi apenas recentemente que tive contato com a Dona Norma, para isso aliás, me serviu este blog. Estou bem feliz por tê-lo feito, justamente pela oportunidade de fazer amigos e poder trocar informações sobre esse tema que tanto nos encanta: nossa identidade!
Dona Norma quando criança (ao centro) e Seus Pais - 1932
Essa casa aí acima, aliás bem típica de nossa região; e segundo a Dona Norma "a casa ficava na Estrada D. Francisca,hoje Getúlio Vargas, defronte a rua que sobe para o cemitério, Onde mora o Cidio Dums",cunhado de Dona Norma.
Outra foto que vem seguir ainda sobre o tema da Prefeitura é bem mais recente. Trata-se do final da década de 70 e início da década de 80; na gestão do Prefeito Eugênio Tabbert. Esta foto demonstra duas informações: a extensão total da frota que a prefeitura dispunha na época e o início das obras do que viria a ser a pracinha que existe até hoje em frente a sede municipal. Penso que hoje, poderíamos investir ali, um local para encontros culturais, venda e revenda de produtos típicos também seriam interessantes. Que tal a fomentação de cultura através de um coreto e uma agenda anual de eventos? Me permitam sonhar.... :)
Finalmente, devo dizer que aproveitei todas suas fotos, Dona Norma :D
Essa semana, estou preparando um breve relato e fotos sobre a história da Igreja Católica em Campo Alegre; e já fiz contato esperando contribuições do Pastor Túlio sobre a Igreja Luterana.

quinta-feira, 17 de março de 2011

A primeira visita de um Vice presidente da Província a essas terras em 1879

Realmente, em 1879 o Vice-presidente da Província de Santa Catarina (similar ao vice-governador do estado), passou por Campo Alegre, com intuito de visitar a estrada Dona Francisca e conferir o progresso da colônia. A personalidade e autoridade em questão  era Joaquim da Silva Ramalho. Acho interessante transcrever trechos do livro de Ficker que relata a viagem. começo com esse trecho que fala sobre a chegada da autoridade à localidade, chamada então,  Pedreiras  e atualmente de Pirabeiraba. 

"Dia 25 (de janeiro) S. Excia. e comitiva dirigiu-se, em companhia do Snr. Bruestlein, á fazenda Pirabeiraba de S. A. R. o Duque d'Aumale." 
  
O senhor Bruestlein em questão é o administrador da colônia Dona Francisca na época. a fazenda Pirabeiraba era de propriedade do Duque d'Aumale que era irmão do Duque de Orleans esposo da Dona Francisca. Foi essa fazenda (que continha uma grande serraria) que emprestou o seu nome para a comunidade anos mais tarde. Em tempo: S.A.R. é uma forma de tratamento usada para Nobres, que significa Sua Alteza Real.
O relato da viagem prosegue:


"No dia 27 de janeiro, às 3 horas da madrugada, em carro Landau, ... (cita-se aqui os integrantes da comitiva)... ás 6 horas chegaram a raíz da serra e as 9 1/2 na estação da Boa Vista, onde almoçaram. Partiram as 11 da estação e as 4 horas da tarde estavam no Campo Alegre, onde foi S. Excia, acolhido por grande número de habitantes do discricto de São Bento.
- Achando-se servido de um copo de água em casa do Juiz de paz Bueno Franco, encaminharam-se todos para aquella casa para assignar uma subscrição para a creação da capella da Santíssima Trindade do Campo Alegre".

O carro "Landau" a que se refere o texto, trata-se de um tipo de carruagem antiga onde ela possui dois bancos virados de frente um para o outro. Interessante o registro do tempo de viagem de Pirabeiraba até Campo Alegre: o que hoje não levaria, normalmente, mais do que 1 hora de viagem, naquela época levava-se  11 horas de percurso!
Um modelo de carro tipo Landau

Outra informação digna de nota foi o ato político dirigido a intenção de erigir a capela da povoação. Lembremos: a intenção foi assinada em 1879, mas a construção da capela se deu em 1887. Deixo com vocês uma foto que me agrada muito, é uma foto que mostra a fachada da antiga Igreja/capela matriz de Campo Alegre.
Nesta foto, que ao que se informa nessa legenda feita pelo jornal (que não sei identificar qual e nem a data de publicação, por que este foi um recorte de jornal que encontrei dentro de um dos meus livros que adquiri em um sebo), é da década de 30. Me parece que foi tirada de onde hoje estão as pastagens do falecido Tola Cubas. Dá para se identificar o casa onde funciona atualmente um restaurante no calçadão, uma parte da casa do Munhoz (na época) e a capela em segundo plano no centro da foto. Peço desculpas pela falta de qualidade gráfica da foto, contudo como disse antes, foi conseguida através de um recorte de jornal velho.

Os primeiros que por aqui se estabeleceram 1868 (??!!)

Os primeiros registros oficiais sobre colonos em Campo Alegre e cercanias são mais antigos que a chegada dos colonos europeus que vinham através da Estrada Dona Francisca - a segunda Estrada Carroçável do império. No livro "São Bento do Sul - Subsídios para a sua História" de Carlos Ficker aponta na página 156 informações a respeito.

"   Assim como o Campo São Miguel, também o Campo Alegre, permaneceu inabitado até 1868, quando as primeiras explorações para o traço futuro da Estrada Dona Francisca despertaram o interesse dos especuladores e estimularam o desenvolvimento da região ao longo da estrada.
   Como já vimos em capítulo anterior, um dos especuladores e grande latifundiário que reclamou as áreas do Campo Alegre, São Miguel e também do oeste de São Bento, Manoel D'Oliveira Franco, entrou em choque com a Sociedade Colonizadora quando esta iniciou a medição e demarcação   das terras adquiridas do Governo Imperial.
  [...] Existiam em 1879 5 famílias em Campo Alegre: Francisco Bueno, Anastácio Lima, Paulo Machado, Amâncio Alves Correia e Augusto Noronha." (FICKER, 1973)

Embora, Ficker afirme que Campo Alegre só venha a ser habitado a partir de 1868, outros historiadores, como o paranaense Professor Oswaldo Cabral, aponta em seu livro "História de Santa Catarina" rápida nota que " mesmo antes de 1860 já haviam por aquelas terras (Campo Alegre) as famílias Correia, Fragoso, Baptista, Franco, Munhoz e Cubas.

Como interessado no assunto, fico mais pendente ao lado do professor Cabral, haja visto ter lido alguns livros de Ficker e perceber nestes um discurso pró-germanista - (forte característica de muitos dos escritores locais). Ficker sempre se posicionou abertamente contra os colonizadores brasileiros que vinham sob auspícios do Governo Paranaense e a favor do Governo catarinense e os colonos alemães. Em seus livros, há muitas passagens que demonstram seu posicionamento em relação aos brasileiros quando se dirige a eles e os tacham de especuladores e violentos. Era este o posicionamento do Governo catarinense e dos colonos europeus que viam na já posse efetivada do colono brasileiro-paranaense um perigo para seus planos.
Eugênio Herbst em seu livro "Subsídios para a História de Campo Alegre" aponta que seu antepassado Florentino Bueno Franco se firmou em Campo Alegre, após passar por Ambrósios (Tijucas do Sul - PR) e requerer do Governo do Paraná, posses de terra.


"Muitos outros paranaenses, a exemplo de Florentino Bueno Franco, requereram também do Governo da Província do Paraná grandes glebas de terras, no hoje, Município de Campo Alegre. Destacamos: Manoel de Oliveira Franco, Candoca Ribas, Cel. Filgueiras, famílias Ferreira e Rocha. Essas posses, principalmente as de Maneco Franco e Cel. Filgueiras, por ficarem mais perto da futura São Bento, suas divisas foram motivos de muitas brigas com os imigrantes europeus, no início da povoação de São Bento do Sul." (HERBST, 1994).

Aproveitando o trecho acima, Florentino Bueno Franco era pai de Francisco Bueno Franco, fundador da cidade e primeiro prefeito de Campo Alegre. Se Ficker diz que em 1869 Francisco Bueno já dispunha de moradia e comércio nessas paragens, é fácil de presumir que ao menos seu pai, o senhor Florentino, já tenha fixado residência (onde hoje é Campina dos Farias) há bastante tempo, o que pode confirmar as hipóteses do Professor Cabral. 

Não existe quem escreva imparcialmente, já me advertia uma professora de letras na universidade. É a mais pura verdade! Ninguém é isento, na medida que vem de algum lugar e consigo trás sua herança e sua parte da verdade. É esse o exercício necessário, de ler nas entrelinhas o material histórico, que se faz primordial para entendermos que nossa história é tão complexa quanto a de qualquer outro lugar. Necessário, penoso por vezes, mas com certeza gratificante. 

segunda-feira, 14 de março de 2011

FIAT LUX! 2º Parte: Bateias de Baixo

Por ocasião do centenário de Bateias (de baixo), a população fez uma grande festa que tinha em si, uma série de eventos, entre eles se lançou um livro que contava a história e modo de vida de Bateias através dos apontamentos do Professor Rufino Blaszkowsky. Os escritos do professor registram até 1970; todavia, seu filho o empresário Rubens Blaszkowsky, foi um dos responsáveis pela publicação da obra  em 1994 devido ao centenário da comunidade.
Então, vou citar o Professor Rufino em seu livro "Uma Trilha no Taquaral" onde ele conta como se deu o processo de eletrificação de Bateias de Baixo.


Como vimos anteriormente, a sede do município já tinha luz elétrica desde 1920, São bento do Sul contava com esse benefício desde 1911, muitas áreas de nossa região, só vieram a contar com eletricidade bem mais tarde. Faxinal e Mangueira Velha por exemplo, (onde me criei), foram localidades que só tiveram luz elétrica depois de meados dos anos 70.


Em 1962, Bateias queria sua eletrificação. Dessa forma, organizou-se uma Cooperativa de Eletrificação com esse intuito, em 1º de setembro daquele ano. Assinaram a ata de fundação 56 pessoas presentes ao ato, no salão paroquial - novamente o cooperativismo e o pichirum se faz presente em nossa história.
A idéia foi lançada, mas faltava concretizar. Isso de fato, só ocorreu em 1964, quando veio um representante da Comissão de Energia do Estado (CEE) com intuito de prestar assessoria técnica a Cooperativa.
Este representante, passou uma relação de valores (em espécie e em dinheiro) do que cada cooperativado deveria bancar individualmente o valor de Cr$ 100.000,00 (cem mil cruzeiros)!!. Pela cooperativa, caberia ainda a cada sócio garantir 3 postes e mão de obra especializada para as devidas instalações.
Em 1965, todo o trabalho se deu concluído e assim, foi inaugurado com pompa a rede elétrica instalada em 31 de julho de 1965.
Em 1970, ou seja, cinco anos de gestão cooperativada da energia elétrica nessa comunidade, a cooperativa que já contava com 80 associados, fez um termo de doação para a CELESC para que esta continuasse gerindo a partir daí todo o patrimônio da cooperativa.


Fiz esse resumo da história contada no livro do Professor Rufino, mas a partir daí, já dá para perceber novamente, a força e o germe do cooperativismo entre os nossos cidadãos. Sempre que Campo Alegre não esperou pela iniciativa de outros, conseguiu concretizar os sonhos mais inatingíveis. Não vou parar de contar e citar esses exemplos, como o Hospital e o da Cooperativa de Eletricidade de Bateias que já foram contados aqui, mas há mais: a construção do Seminário, a SACA, as igrejas Católicas e a igreja Luterana, etc... todos esses exemplos, ainda vou abordar aqui no tempo devido.
Se alguém tiver fotos desses trabalhos e queira disponibilizar para colocarmos aqui, favor entrar em contato, eu agradeço.

quinta-feira, 10 de março de 2011

FIAT LUX!!

O fato histórico que vou relatar hoje, fala sobre a implantação da luz elétrica na cidade de Campo Alegre. Diferentemente de hoje em dia, muitas das benfeitorias públicas, eram feitas tão somente a partir da iniciativa privada ou da coletiva em forma de “pichiruns” como já demonstrado. Atualmente, se há um buraco na rua, um bem público qualquer que não esteja de acordo ou esteja faltando, procuramos os órgãos competentes e cobramos esta medida; pois bem, esta atitude, esta cultura do cobrar é algo mui recente entre nós. Até então quando precisávamos, fazíamos por conta.
Escrever sobre Campo Alegre é algo muito difícil, pois não tivemos guardado de forma adequada, nossa história, por diversas razões (o incêndio da Prefeitura Municipal foi uma perda incalculável sob esse aspecto). Mas, há ainda registros fidedignos e bem detalhados como estas informações e trechos transcritos de uma ata na câmara de vereadores em 1920, cópia primorosamente feita pelo, recém-empossado, Padre Dorotheo Maria Zöllner (e também o primeiro padre designado para nossa Cidade), para o livro do tombo da Igreja Matriz – registro número 8.
A instalação da luz em Campo Alegre, ocorreu sob a iniciativa do empresário Francisco Duarte, comerciante há muito estabelecido em nossa cidade (vinha de São Francisco do Sul), e grande incentivador do progresso sob vários pontos. Seu Chico Duarte, era proprietário de uma casa de comércio onde hoje está a casa da senhora Terezinha Foitte – ao lado do Hotel Duvoisin. Chico Duarte também era o “conselheiro-secretário da Fábrica da Matriz Santíssima Trindade de Campo Alegre”.
Edifícios da Direita para Esquerda: Comercial Roepck, Hotel Duvoisin, Casa Comercial do Chico Duarte, Antiga Coletoria (onde também funcionou o primeiro cinema da cidade). Foto da década de 70.
Duarte, construiu uma Usina a qual chamou de Usina Santa Isabel, em homenagem a sua esposa Isabel Kuonz Duarte (Dona Belinha). Os primeiros edifícios que receberam a instalação elétrica foi a Igreja Matriz Católica e a  Câmara Municipal (que era também a casa dMartimiano Bento D’Amorim).
Seu Chico Duarte, na condição de membro da igreja católica, assinou um contrato com a mesma, onde se comprometia a fornecer energia elétrica gratuitamente a igreja, mas a instalação elétrica do edifício deveria ocorrer por conta da paróquia. Dessa forma, o vigário responsabilizou algumas pessoas por três listas de controle de donativos para esse fim: a primeira ficou sob responsabilidade de Dona Leocádia Camargo; a segunda com Dona Dorvalina de Souza e a terceira com a Dona Dorinha e Dona Martimiana D’Amorim (filhas de Bento D’Amorim). Também tinham essa responsabilidade todas as filhas de Maria. Com essas listas angariou-se R$ 295$ 500 (295 mil e 500 réis).
Dorinha e Martminiana D'Amorim posando com os retratos de seu Pai Bento Martimiano D'Amorim e sua mãe.
Os principais doadores foram os senhores Bento Martiminiano D’Amorim (que era conselheiro Tesoureiro da igreja) a quantia de 20 mil réis. Somou-se ao final das angariações, o total de 350 mil réis, que foram entregues ao mecânico chefe da instalação, o senhor Henrique Frank. Na instalação da igreja foram usadas “vinte luzes” ao todo.
Foi marcada a Festa dos Apóstolos São Pedro e São Paulo para a inauguração (26 de junho de 1920).  Então, as quatro horas da tarde, saiu a multidão em direção a usina “... precedido pela cruz, o reverendíssimo santo vigário com a (...) dois meninos ajudantes, iam todos em linda procissão, cruzando as principais ruas, cantando-se hinos religiosos e tocando uma banda de música...”. na mesma ata, relata-se que foi tirado uma foto da procissão.
Depois foram a Câmara Municipal para a cerimonia pública. O Presidente Pedro José Pereira iniciou a sessão e passou a palavra ao vigário que discursou. Ainda nessa sessão, inaugurou-se os retratos de Epitácio Pessoa e Hercílio Luz (Presidente da República e Governador do Estado respectivamente).
Registro número 8 do livro do tombo – Cópia da ata da Câmara Municipal (Recortes).
Deu-se numa sala na casa do senhor Bento Martiminiano D´Amorim, cedida para funcionar o conselho Municipal às 17 horas e 45 minutos do dia. Estavam presentes Pedro José Pereira (Presidente), Raymundo José Munhoz, Francisco Antônio Duarte, Theodoro Schwarz e Pedro Fragoso Cavalheiro; e o Superintendente Veríssimo de Souza Freitas, e seu substituto o senhor Bento Martimiano D´Amorim,  Senhora Isabel Kuonz Duarte, Henrique Frank (eletricista) e o vigário Dorotheo Maria Zöllner e Paraninfos da Usina: Deputado Estadual Luis Vasconcellos e esposa, a escola Pública Feminina, a Diretoria da Sociedade mantenedora da biblioteca (?!) , a Diretoria da Cruzada Patriótica Feminina, a Diretoria da Pia União das Filhas de Maria e a Direção do Apostulado da Oração, Banda e população.
Quando a inauguração da usina entrou em pauta, foi dada a primeira palavra a senhora Isabel Duarte. Que conforme o programado, teria a palavra no exato momento que as primeiras luzes se acenderiam (as 18 horas). Transcrevo ipse litere parte do discurso que está contido na ata, no momento que se as luzes funcionaram:

"... as dezoito horas em ponto abria-se a luz e seus primeiros reflexos, beijando a opulenta natureza de campoalegrense, inundavam a villa de ondas de ouro, entusiasmou o povo e este saudou com palmas e vivas o hábil eletricista..."

E mais um trecho:

"Após os atos na câmara, o povo deveria ir até a igreja à convite do vigário para receberem o sacramento. Dona Isabel convidou o povo, após receberem a benção fossem  a sua casa tomar cerveja."
Pelo visto, o pessoal, naquela época sabiam cobrir da devida pompa a circunstância.
A central de distribuição da Usina Santa Isabel, ficava em frente ao Hotel Duvoisin. Aqui tem uma foto de 1970, onde podemos visualizar essa torre, todavia nessa época, já pertencia a outra empresa.
Meados da década de 70 - Ao fundo a casa de força da Usina.

Mais um detalhe interessante, era uma mulher que redigia e lavrava a ata da câmara: Dorinha D'Amorim. Pelo visto, Campo Alegre, teve diversas mulheres capazes em sua história.
Amanhã, falarei um pouco sobre a eletrificação em Bateias. 

sábado, 5 de março de 2011

Velhos Moinhos

Campo Alegre, teve vários moinhos, pois a plantação de trigo e cevada, teve grande importância em certos momentos da história local. Havia o moinho na Avenquinha (que inclusive foi do meu pai, uma época), lá próximo do mutirão o do Gorniak, (havia um na rua Nereu Ramos, ao lado da Delegacia, do outro lado do rio), e tantos outros... 
A Associação de Produtores Rurais, ainda localizada nas proximidades da Prefeitura, teve seu foco na produção de trigo e seu beneficiamento durante uma época. Lembro que quando criança, tive a oportunidade de participar de um pichirum dedicado a bater trigo na casa do Elói Telma. Para lá, foram várias famílias e a máquina da Associação.  Me cocei por dias inteiros depois da tarefa, pois o trigo tem umas micro-farpas que se prendiam nas dobras da pele e das roupas...rs. Isso sem falar da sujeira (pó) que impregnava nas narinas.
Bom, voltando aos moinhos... Parece que haviam alguns em Campo Alegre, contudo, após o Tratado do Brasil-Argentina, que envolvia a parceria mútua na compra de petróleo brasileiro pela Argentina e do Trigo argentino pelo Brasil. 
Para que essa compra desse certo, o Brasil deveria parar de incentivar a produção de Trigo em seu território.  Lhe interessava mais, financiar o programa de Petróleo, com a recém criada Petrobrás. Como estratégia, o governo, "dificultou" a manutenção dos moinhos em atividade. Assim, com restrições burocráticas e impostos proibitivos, muitos moinhos fecharam nos anos 60 e 70. Por conseqüência, muitos colonos deixaram de plantar o trigo, pois se tornava caro e difícil levar sua produção para longe para ser transformado em farinha.

Um dos moinhos, que não conheci, mas que muito ouvi falar foi o Moinho do Friedrich.  Seu Ernesto Friedrich era um homenzarrão, não apenas grande em tamanho físico mas em também em caráter. Além de proprietário desse moinho era também Juiz de Paz.  Na época da 2º Guerra Mundial (1939-1945), pela falta de petróleo, muitos tinham automóveis movidos a lenha (carvão, na verdade), a esse tipo de propulsão, se chamava Gasogênio. No moinho do Friedrich, também havia um estoque grande de nós de pinho e lenha com a finalidade de abastecer os carros. Seu Friedrich comprava os nós de pinho e os revendia para os donos de automóveis.
Informe Publicitário da Época sobre o funcionamento do Gasogênio
O Moinho do Friedrich ficava a beira do rio Turvo, bem próximo da atual rodoviária. Lembro que na infância, íamos ali, (a casa já não existia mais, foi comprada por uma empresa de Joinville), para comer frutas e tomar banho no tanquinho do Friedrich.
Vou postar uma foto aqui sobre a família do Friedrich e seu moinho. Serão duas fotos, na verdade, na primeira a esquerda aparece uma família visitando o moinho que está ao fundo (foi a unica foto que encontrei que mostrava o moinho); a segunda foto é dos Friedrich num dia da Páscoa.
Em tempo: agradeço as fotos ao Tio Gêno e a Tia Raquel. :-)


Voltando a Falar sobre o Gasogênio e o nó de pinho campoalegrense. Em escuta com o Noirton Schroeder, ele contou que Arnaldo Duvoisin, Pedro Gomes e Tuia Schroeder estocavam nós de pinho numa mangueira atras da casa do Zuti e essa pilha chegava até 5 metros de altura. Tal pilha era por sua vez, baldeada pelo "velho Douat" para o Bucarein em Joinville. Diz-se que eram usados nas caldeiras de navios de guerra na década de 40.
Infelizmente, não possuo nenhuma foto com algum carro em Campo Alegre, que use gasogênio, embora, saiba que havia caminhões e carros que usavam o sistema.
Tanto a foto do ônibus aqui acima quanto a do anúncio, foram retirados do site: http://www.carroantigo.com/portugues/conteudo/curio_GASOGENIO.htm - nessa página tem muitas curiosidades sobre carro e no endereço em questão, tem uma explicação bem completa sobre como funcionava o sistema de gasogênio.