Seja bem vindo!

Todo o conteúdo que passarei aqui, obviamente não foi apenas das entrevistas, li os livros de Carlos Ficker, Herculano Vincezi; Mario Kormann e do Eugênio Herbst e ótimo trabalho de Paulo Henrique Jürgensen; estes merecem o meu mais sincero agradecimento, "pois se tenho algum mérito é porque estive apoiado em ombros de gigantes". Contudo, a alma de todo material que apresento, devo única e exclusivamente a essas pessoas que merecem todo crédito:

Meu amigo Marcio Augustin; Sra. Cassilda Detros; Prof. Ione dos Passos; Seu Nêne Zumbah; Dona Santinha; minha prima Déborah Duvoisin; Dona Enezilda Schwartz (pela infinidade de fotos cedidas); A Irmã Alice (na época diretora do Hospital); Marli Telma; Nádia Bartch; Renato Duvoisin; Seu Adolfo Saltzwedel e ao Sindicato Rural; Ao Dr. Mario Kormann, Seu Ernesto Rocha; Seu Noirton Schoereder; Seu Valdírio Baptista e Família, Seu Osni Cubas; Seu Algacir Lintzmeier; Roberto Reizer; Seu Afonso Carneiro; Seu Osvaldo José Slogel; Braulio José Gonçalves; Seu Silvio Bueno Franco e sua esposa a Professora Sirlei Batista Bueno Franco; A Paróquia Santíssima Trindade; Seu Quinzinho Moura (e seu toque de gaita); Seu Augusto Serafim; Seu Deoclécio Baptista; Dona Hilva Machado; Seu Alonso Kuenen; a Dona Eulália Pazda; e tantos outros que eu talvez, injustamente tenha esquecido.

Obrigado Especial ao meu amigo e primo Luis Carlos Amorim que me conduziu e me apresentou a imensa maioria de todas esses cidadãos beneméritos campoalegrenses.

Obrigado a Todos, que ao cederem suas memórias, lembranças, músicas, fotos, documentos e um pouquinho de suas vidas; permitiram esse trabalho de divulgação de nossa cidade.



domingo, 27 de março de 2011

Ora Pro Nobis II - Mais alguns episódios

Em entrevista com a Dona Santinha, esta nos revelou que foi batizada pelo Padre Dorotheo Maria Zoellner, o primeiro padre fixo de Campo Alegre. Este reverendo pároco assumiu a Igreja Matriz da Divina Providência no dia 6 de junho de 1920. Até então, vinham de tempos em tempos padres com a incumbência de fazer os serviços religiosos necessários. Entre as tarefas que estavam a seu encargo, Padre Dorotheo tinha de lavrar o livro do tombo; e sua letra e redação indicavam um refinamento no domínio da língua nacional. 
Embora tenha sido o primeiro padre oficial de Campo Alegre, Dorotheo não ficou muito tempo a frente da paróquia; foi embora um ano e dois meses depois, em agosto de 1921.
Para facilitar a compreensão, estabeleçamos uma linha cronológica que ficaria dessa forma:
- Padre Dorotheo Maria Zoellner; (1920 - 1921) *
- Padre Bernardo Fichter; (1921 - 1927) *
- Padre Luiz Gonzaga Mocka; (1932 - 1941) *
- Padre Aldo de Madice; (1941 - out/1941) 
- Padre Luiz Gilg; (1941 - 1964) *
- Padre Lino Vier;
- Padre Pedro Bastos;
- Padre Ivo Daikamp;
- Padre Atílio Zatiko;
- Padre Ademir Bauler.
( a lista segue - necessito averiguar os demais padres titulares da paróquia desde então).
OBS: O sinal (*) está indicando os padres que faziam os serviços religiosos em duas línguas quando necessário.
Comunhão pelos idos de 1938 - Padre Luiz Mocka

Padre Bernardo Fichter e Turma de Comunhão - Notem a frente da antiga igreja sede.

Padre Bernardo Fichter - Fonte: Inezilda Scharwz
É claro, que estes não foram os unicos padres que prestaram serviços nessa região nestas épocas. Vieram para cá uma infinidade de religiosos em tempos de Missões e também haviam os que auxiliavam os padres titulares já citados. Um que bem me lembro, que veio a Campo Alegre já com uma idade mais acentuada, assumiu como Capelão do Hospital era o Padre Romero. Tinha um ar muito sereno e jovial. Abaixo colocarei uma foto deste e da Irmã Assunta, a primeira freira Salvatoriana que veio trabalhar no Hospital São Luiz.
Padre Romero (in memoriam) e Irmã Assunta

segunda-feira, 21 de março de 2011

Ora Pro Nobis - Uma História de Fé.

Como dito num texto anterior, a igreja sede, a matriz católica de Campo Alegre teve sua construção iniciada em 1887 - (dez anos antes da Emancipação Política da cidade). Antes de ser cidade, Campo Alegre já era reconhecida como Freguesia desde 1888 e sobre invocação e proteção da Santíssima Trindade.
Parece que a igreja levou 5 anos para ser construída. Não era muito grande, era um pouco maior que uma capela, mas significava muito para aquela comunidade naqueles tempos. Há registros que já existiam capelas erigidas nas propriedades da famílias mais abastadas. Foram nessas capelas primárias, que o povo aqui manifestou sua fé e celebrou seus casamentos, batizados e pranteou seus entes queridos que se foram. 
Uma destas propriedades que recebeu muitas famílias para esses fim era pertencente ao Coronel Afonso Ayres Cubas, que era conhecida como "Fortaleza" na estrada Jararaca (próximo do Lageado hoje).No trabalhoso e elogiável livro "Famílias Tradicionais - Povoamento do Alto Vale do Rio Negro" de Paulo Henrique Jürgensen; pode-se aferir uma grande soma de registros dessa natureza aqui na região.

Antiga Igreja da Santíssima Trindade de Campo Alegre - Data incerta. (a direita da igreja pode-se observar um pouco da fachada da antiga casa paroquial).

Segundo registros que constam no Livro do Tombo, no livro de Herbst e no Livro "Focalizando Campo Alegre" (1957). Francisco Bueno Franco forneceu gratuitamente as telhas e os tijolos para cobertura da igreja, oriundas de sua olaria - a unica na época. Já o terreno foi doação de Francisco Teixeira de Freitas. Obviamente, é até desnecessário dizer a essas alturas, que o povo fez toda a obra em forma de pichirum!
Em 1920, foram feitas reformas no prédio e daí os principais personagens foram seu Chico Duarte, João de Paula Camargo e Bento Martiniano D'Amorim; além dos demais ilustres citados já no texto que falava da eletrificação da cidade - (vide "Fiat Lux"). No "Focalizando Campo Alegre", cita-se a construção da casa das irmãs nessa ocasião. Esta casa é da ordem  Franciscana e permaneceu em Campo Alegre até a instalação das Irmãs Salvatorianas que ficaram encarregadas do Hospital São Luis. Esse convento ficava nos fundos do atual Banco SICOOB na rua que vai dar no Templo da Assembléia de Deus. Vejam a fachada do Convento:
Convento Franciscano em Campo Alegre - Data imprecisa.
Ainda há muito o que escrever sobre a senda religiosa do município, mas deixarei para mais textos em outros dias... até lá!

domingo, 20 de março de 2011

Uma ajuda bem vinda!

Boa noite a todos! 
Este fim de semana, foi muito bom, não apenas na oportunidade de encontrar amigos e parentes na Festa da Ovelha em Campo Alegre, mas em todos os outros quesitos: fiz mais um programa de rádio, que bem ou mal feito eu gosto muito de fazer, e já estou engatando o próximo encontro de violeiros e amigos que vai ocorrer no SÁBADO QUE VEM!!!  Vamos programar uma caravana (de um ou dois carros..hehehehe) para sair da frente da Lanchonete Cachorrão as 18 horas de sábado dia 26 em direção ao Rio Represo. Quem quiser ir, sinta-se nosso convidado.

Pois então. Além de toda essas boas notícias, hoje recebi um email da sempre gentil senhora, a Dona Norma Figueiredo que me enviou 3 fotos... e serei sincero: Fiquei maravilhado com a foto da Prefeitura Municipal, aproximadamente década de 30. Lembrando que se esta data estiver certa, o prédio em questão tinha não mais que doze anos de construção, pois foi feito em cima de onde havia a antiga prefeitura que foi destruída por um incêndio. Essa história do incêndio ainda vou abordar com enfoque, tem gente me prometendo contar essa história com mais detalhes.
Prefeitura Municipal - Década de 30
O jardim de cedrinhos, (muito bem podados!) realmente foi uma grata surpresa para mim, que desconhecia completamente essa "novidade antiga".
Foi apenas recentemente que tive contato com a Dona Norma, para isso aliás, me serviu este blog. Estou bem feliz por tê-lo feito, justamente pela oportunidade de fazer amigos e poder trocar informações sobre esse tema que tanto nos encanta: nossa identidade!
Dona Norma quando criança (ao centro) e Seus Pais - 1932
Essa casa aí acima, aliás bem típica de nossa região; e segundo a Dona Norma "a casa ficava na Estrada D. Francisca,hoje Getúlio Vargas, defronte a rua que sobe para o cemitério, Onde mora o Cidio Dums",cunhado de Dona Norma.
Outra foto que vem seguir ainda sobre o tema da Prefeitura é bem mais recente. Trata-se do final da década de 70 e início da década de 80; na gestão do Prefeito Eugênio Tabbert. Esta foto demonstra duas informações: a extensão total da frota que a prefeitura dispunha na época e o início das obras do que viria a ser a pracinha que existe até hoje em frente a sede municipal. Penso que hoje, poderíamos investir ali, um local para encontros culturais, venda e revenda de produtos típicos também seriam interessantes. Que tal a fomentação de cultura através de um coreto e uma agenda anual de eventos? Me permitam sonhar.... :)
Finalmente, devo dizer que aproveitei todas suas fotos, Dona Norma :D
Essa semana, estou preparando um breve relato e fotos sobre a história da Igreja Católica em Campo Alegre; e já fiz contato esperando contribuições do Pastor Túlio sobre a Igreja Luterana.

quinta-feira, 17 de março de 2011

A primeira visita de um Vice presidente da Província a essas terras em 1879

Realmente, em 1879 o Vice-presidente da Província de Santa Catarina (similar ao vice-governador do estado), passou por Campo Alegre, com intuito de visitar a estrada Dona Francisca e conferir o progresso da colônia. A personalidade e autoridade em questão  era Joaquim da Silva Ramalho. Acho interessante transcrever trechos do livro de Ficker que relata a viagem. começo com esse trecho que fala sobre a chegada da autoridade à localidade, chamada então,  Pedreiras  e atualmente de Pirabeiraba. 

"Dia 25 (de janeiro) S. Excia. e comitiva dirigiu-se, em companhia do Snr. Bruestlein, á fazenda Pirabeiraba de S. A. R. o Duque d'Aumale." 
  
O senhor Bruestlein em questão é o administrador da colônia Dona Francisca na época. a fazenda Pirabeiraba era de propriedade do Duque d'Aumale que era irmão do Duque de Orleans esposo da Dona Francisca. Foi essa fazenda (que continha uma grande serraria) que emprestou o seu nome para a comunidade anos mais tarde. Em tempo: S.A.R. é uma forma de tratamento usada para Nobres, que significa Sua Alteza Real.
O relato da viagem prosegue:


"No dia 27 de janeiro, às 3 horas da madrugada, em carro Landau, ... (cita-se aqui os integrantes da comitiva)... ás 6 horas chegaram a raíz da serra e as 9 1/2 na estação da Boa Vista, onde almoçaram. Partiram as 11 da estação e as 4 horas da tarde estavam no Campo Alegre, onde foi S. Excia, acolhido por grande número de habitantes do discricto de São Bento.
- Achando-se servido de um copo de água em casa do Juiz de paz Bueno Franco, encaminharam-se todos para aquella casa para assignar uma subscrição para a creação da capella da Santíssima Trindade do Campo Alegre".

O carro "Landau" a que se refere o texto, trata-se de um tipo de carruagem antiga onde ela possui dois bancos virados de frente um para o outro. Interessante o registro do tempo de viagem de Pirabeiraba até Campo Alegre: o que hoje não levaria, normalmente, mais do que 1 hora de viagem, naquela época levava-se  11 horas de percurso!
Um modelo de carro tipo Landau

Outra informação digna de nota foi o ato político dirigido a intenção de erigir a capela da povoação. Lembremos: a intenção foi assinada em 1879, mas a construção da capela se deu em 1887. Deixo com vocês uma foto que me agrada muito, é uma foto que mostra a fachada da antiga Igreja/capela matriz de Campo Alegre.
Nesta foto, que ao que se informa nessa legenda feita pelo jornal (que não sei identificar qual e nem a data de publicação, por que este foi um recorte de jornal que encontrei dentro de um dos meus livros que adquiri em um sebo), é da década de 30. Me parece que foi tirada de onde hoje estão as pastagens do falecido Tola Cubas. Dá para se identificar o casa onde funciona atualmente um restaurante no calçadão, uma parte da casa do Munhoz (na época) e a capela em segundo plano no centro da foto. Peço desculpas pela falta de qualidade gráfica da foto, contudo como disse antes, foi conseguida através de um recorte de jornal velho.

Os primeiros que por aqui se estabeleceram 1868 (??!!)

Os primeiros registros oficiais sobre colonos em Campo Alegre e cercanias são mais antigos que a chegada dos colonos europeus que vinham através da Estrada Dona Francisca - a segunda Estrada Carroçável do império. No livro "São Bento do Sul - Subsídios para a sua História" de Carlos Ficker aponta na página 156 informações a respeito.

"   Assim como o Campo São Miguel, também o Campo Alegre, permaneceu inabitado até 1868, quando as primeiras explorações para o traço futuro da Estrada Dona Francisca despertaram o interesse dos especuladores e estimularam o desenvolvimento da região ao longo da estrada.
   Como já vimos em capítulo anterior, um dos especuladores e grande latifundiário que reclamou as áreas do Campo Alegre, São Miguel e também do oeste de São Bento, Manoel D'Oliveira Franco, entrou em choque com a Sociedade Colonizadora quando esta iniciou a medição e demarcação   das terras adquiridas do Governo Imperial.
  [...] Existiam em 1879 5 famílias em Campo Alegre: Francisco Bueno, Anastácio Lima, Paulo Machado, Amâncio Alves Correia e Augusto Noronha." (FICKER, 1973)

Embora, Ficker afirme que Campo Alegre só venha a ser habitado a partir de 1868, outros historiadores, como o paranaense Professor Oswaldo Cabral, aponta em seu livro "História de Santa Catarina" rápida nota que " mesmo antes de 1860 já haviam por aquelas terras (Campo Alegre) as famílias Correia, Fragoso, Baptista, Franco, Munhoz e Cubas.

Como interessado no assunto, fico mais pendente ao lado do professor Cabral, haja visto ter lido alguns livros de Ficker e perceber nestes um discurso pró-germanista - (forte característica de muitos dos escritores locais). Ficker sempre se posicionou abertamente contra os colonizadores brasileiros que vinham sob auspícios do Governo Paranaense e a favor do Governo catarinense e os colonos alemães. Em seus livros, há muitas passagens que demonstram seu posicionamento em relação aos brasileiros quando se dirige a eles e os tacham de especuladores e violentos. Era este o posicionamento do Governo catarinense e dos colonos europeus que viam na já posse efetivada do colono brasileiro-paranaense um perigo para seus planos.
Eugênio Herbst em seu livro "Subsídios para a História de Campo Alegre" aponta que seu antepassado Florentino Bueno Franco se firmou em Campo Alegre, após passar por Ambrósios (Tijucas do Sul - PR) e requerer do Governo do Paraná, posses de terra.


"Muitos outros paranaenses, a exemplo de Florentino Bueno Franco, requereram também do Governo da Província do Paraná grandes glebas de terras, no hoje, Município de Campo Alegre. Destacamos: Manoel de Oliveira Franco, Candoca Ribas, Cel. Filgueiras, famílias Ferreira e Rocha. Essas posses, principalmente as de Maneco Franco e Cel. Filgueiras, por ficarem mais perto da futura São Bento, suas divisas foram motivos de muitas brigas com os imigrantes europeus, no início da povoação de São Bento do Sul." (HERBST, 1994).

Aproveitando o trecho acima, Florentino Bueno Franco era pai de Francisco Bueno Franco, fundador da cidade e primeiro prefeito de Campo Alegre. Se Ficker diz que em 1869 Francisco Bueno já dispunha de moradia e comércio nessas paragens, é fácil de presumir que ao menos seu pai, o senhor Florentino, já tenha fixado residência (onde hoje é Campina dos Farias) há bastante tempo, o que pode confirmar as hipóteses do Professor Cabral. 

Não existe quem escreva imparcialmente, já me advertia uma professora de letras na universidade. É a mais pura verdade! Ninguém é isento, na medida que vem de algum lugar e consigo trás sua herança e sua parte da verdade. É esse o exercício necessário, de ler nas entrelinhas o material histórico, que se faz primordial para entendermos que nossa história é tão complexa quanto a de qualquer outro lugar. Necessário, penoso por vezes, mas com certeza gratificante. 

segunda-feira, 14 de março de 2011

FIAT LUX! 2º Parte: Bateias de Baixo

Por ocasião do centenário de Bateias (de baixo), a população fez uma grande festa que tinha em si, uma série de eventos, entre eles se lançou um livro que contava a história e modo de vida de Bateias através dos apontamentos do Professor Rufino Blaszkowsky. Os escritos do professor registram até 1970; todavia, seu filho o empresário Rubens Blaszkowsky, foi um dos responsáveis pela publicação da obra  em 1994 devido ao centenário da comunidade.
Então, vou citar o Professor Rufino em seu livro "Uma Trilha no Taquaral" onde ele conta como se deu o processo de eletrificação de Bateias de Baixo.


Como vimos anteriormente, a sede do município já tinha luz elétrica desde 1920, São bento do Sul contava com esse benefício desde 1911, muitas áreas de nossa região, só vieram a contar com eletricidade bem mais tarde. Faxinal e Mangueira Velha por exemplo, (onde me criei), foram localidades que só tiveram luz elétrica depois de meados dos anos 70.


Em 1962, Bateias queria sua eletrificação. Dessa forma, organizou-se uma Cooperativa de Eletrificação com esse intuito, em 1º de setembro daquele ano. Assinaram a ata de fundação 56 pessoas presentes ao ato, no salão paroquial - novamente o cooperativismo e o pichirum se faz presente em nossa história.
A idéia foi lançada, mas faltava concretizar. Isso de fato, só ocorreu em 1964, quando veio um representante da Comissão de Energia do Estado (CEE) com intuito de prestar assessoria técnica a Cooperativa.
Este representante, passou uma relação de valores (em espécie e em dinheiro) do que cada cooperativado deveria bancar individualmente o valor de Cr$ 100.000,00 (cem mil cruzeiros)!!. Pela cooperativa, caberia ainda a cada sócio garantir 3 postes e mão de obra especializada para as devidas instalações.
Em 1965, todo o trabalho se deu concluído e assim, foi inaugurado com pompa a rede elétrica instalada em 31 de julho de 1965.
Em 1970, ou seja, cinco anos de gestão cooperativada da energia elétrica nessa comunidade, a cooperativa que já contava com 80 associados, fez um termo de doação para a CELESC para que esta continuasse gerindo a partir daí todo o patrimônio da cooperativa.


Fiz esse resumo da história contada no livro do Professor Rufino, mas a partir daí, já dá para perceber novamente, a força e o germe do cooperativismo entre os nossos cidadãos. Sempre que Campo Alegre não esperou pela iniciativa de outros, conseguiu concretizar os sonhos mais inatingíveis. Não vou parar de contar e citar esses exemplos, como o Hospital e o da Cooperativa de Eletricidade de Bateias que já foram contados aqui, mas há mais: a construção do Seminário, a SACA, as igrejas Católicas e a igreja Luterana, etc... todos esses exemplos, ainda vou abordar aqui no tempo devido.
Se alguém tiver fotos desses trabalhos e queira disponibilizar para colocarmos aqui, favor entrar em contato, eu agradeço.

quinta-feira, 10 de março de 2011

FIAT LUX!!

O fato histórico que vou relatar hoje, fala sobre a implantação da luz elétrica na cidade de Campo Alegre. Diferentemente de hoje em dia, muitas das benfeitorias públicas, eram feitas tão somente a partir da iniciativa privada ou da coletiva em forma de “pichiruns” como já demonstrado. Atualmente, se há um buraco na rua, um bem público qualquer que não esteja de acordo ou esteja faltando, procuramos os órgãos competentes e cobramos esta medida; pois bem, esta atitude, esta cultura do cobrar é algo mui recente entre nós. Até então quando precisávamos, fazíamos por conta.
Escrever sobre Campo Alegre é algo muito difícil, pois não tivemos guardado de forma adequada, nossa história, por diversas razões (o incêndio da Prefeitura Municipal foi uma perda incalculável sob esse aspecto). Mas, há ainda registros fidedignos e bem detalhados como estas informações e trechos transcritos de uma ata na câmara de vereadores em 1920, cópia primorosamente feita pelo, recém-empossado, Padre Dorotheo Maria Zöllner (e também o primeiro padre designado para nossa Cidade), para o livro do tombo da Igreja Matriz – registro número 8.
A instalação da luz em Campo Alegre, ocorreu sob a iniciativa do empresário Francisco Duarte, comerciante há muito estabelecido em nossa cidade (vinha de São Francisco do Sul), e grande incentivador do progresso sob vários pontos. Seu Chico Duarte, era proprietário de uma casa de comércio onde hoje está a casa da senhora Terezinha Foitte – ao lado do Hotel Duvoisin. Chico Duarte também era o “conselheiro-secretário da Fábrica da Matriz Santíssima Trindade de Campo Alegre”.
Edifícios da Direita para Esquerda: Comercial Roepck, Hotel Duvoisin, Casa Comercial do Chico Duarte, Antiga Coletoria (onde também funcionou o primeiro cinema da cidade). Foto da década de 70.
Duarte, construiu uma Usina a qual chamou de Usina Santa Isabel, em homenagem a sua esposa Isabel Kuonz Duarte (Dona Belinha). Os primeiros edifícios que receberam a instalação elétrica foi a Igreja Matriz Católica e a  Câmara Municipal (que era também a casa dMartimiano Bento D’Amorim).
Seu Chico Duarte, na condição de membro da igreja católica, assinou um contrato com a mesma, onde se comprometia a fornecer energia elétrica gratuitamente a igreja, mas a instalação elétrica do edifício deveria ocorrer por conta da paróquia. Dessa forma, o vigário responsabilizou algumas pessoas por três listas de controle de donativos para esse fim: a primeira ficou sob responsabilidade de Dona Leocádia Camargo; a segunda com Dona Dorvalina de Souza e a terceira com a Dona Dorinha e Dona Martimiana D’Amorim (filhas de Bento D’Amorim). Também tinham essa responsabilidade todas as filhas de Maria. Com essas listas angariou-se R$ 295$ 500 (295 mil e 500 réis).
Dorinha e Martminiana D'Amorim posando com os retratos de seu Pai Bento Martimiano D'Amorim e sua mãe.
Os principais doadores foram os senhores Bento Martiminiano D’Amorim (que era conselheiro Tesoureiro da igreja) a quantia de 20 mil réis. Somou-se ao final das angariações, o total de 350 mil réis, que foram entregues ao mecânico chefe da instalação, o senhor Henrique Frank. Na instalação da igreja foram usadas “vinte luzes” ao todo.
Foi marcada a Festa dos Apóstolos São Pedro e São Paulo para a inauguração (26 de junho de 1920).  Então, as quatro horas da tarde, saiu a multidão em direção a usina “... precedido pela cruz, o reverendíssimo santo vigário com a (...) dois meninos ajudantes, iam todos em linda procissão, cruzando as principais ruas, cantando-se hinos religiosos e tocando uma banda de música...”. na mesma ata, relata-se que foi tirado uma foto da procissão.
Depois foram a Câmara Municipal para a cerimonia pública. O Presidente Pedro José Pereira iniciou a sessão e passou a palavra ao vigário que discursou. Ainda nessa sessão, inaugurou-se os retratos de Epitácio Pessoa e Hercílio Luz (Presidente da República e Governador do Estado respectivamente).
Registro número 8 do livro do tombo – Cópia da ata da Câmara Municipal (Recortes).
Deu-se numa sala na casa do senhor Bento Martiminiano D´Amorim, cedida para funcionar o conselho Municipal às 17 horas e 45 minutos do dia. Estavam presentes Pedro José Pereira (Presidente), Raymundo José Munhoz, Francisco Antônio Duarte, Theodoro Schwarz e Pedro Fragoso Cavalheiro; e o Superintendente Veríssimo de Souza Freitas, e seu substituto o senhor Bento Martimiano D´Amorim,  Senhora Isabel Kuonz Duarte, Henrique Frank (eletricista) e o vigário Dorotheo Maria Zöllner e Paraninfos da Usina: Deputado Estadual Luis Vasconcellos e esposa, a escola Pública Feminina, a Diretoria da Sociedade mantenedora da biblioteca (?!) , a Diretoria da Cruzada Patriótica Feminina, a Diretoria da Pia União das Filhas de Maria e a Direção do Apostulado da Oração, Banda e população.
Quando a inauguração da usina entrou em pauta, foi dada a primeira palavra a senhora Isabel Duarte. Que conforme o programado, teria a palavra no exato momento que as primeiras luzes se acenderiam (as 18 horas). Transcrevo ipse litere parte do discurso que está contido na ata, no momento que se as luzes funcionaram:

"... as dezoito horas em ponto abria-se a luz e seus primeiros reflexos, beijando a opulenta natureza de campoalegrense, inundavam a villa de ondas de ouro, entusiasmou o povo e este saudou com palmas e vivas o hábil eletricista..."

E mais um trecho:

"Após os atos na câmara, o povo deveria ir até a igreja à convite do vigário para receberem o sacramento. Dona Isabel convidou o povo, após receberem a benção fossem  a sua casa tomar cerveja."
Pelo visto, o pessoal, naquela época sabiam cobrir da devida pompa a circunstância.
A central de distribuição da Usina Santa Isabel, ficava em frente ao Hotel Duvoisin. Aqui tem uma foto de 1970, onde podemos visualizar essa torre, todavia nessa época, já pertencia a outra empresa.
Meados da década de 70 - Ao fundo a casa de força da Usina.

Mais um detalhe interessante, era uma mulher que redigia e lavrava a ata da câmara: Dorinha D'Amorim. Pelo visto, Campo Alegre, teve diversas mulheres capazes em sua história.
Amanhã, falarei um pouco sobre a eletrificação em Bateias. 

sábado, 5 de março de 2011

Velhos Moinhos

Campo Alegre, teve vários moinhos, pois a plantação de trigo e cevada, teve grande importância em certos momentos da história local. Havia o moinho na Avenquinha (que inclusive foi do meu pai, uma época), lá próximo do mutirão o do Gorniak, (havia um na rua Nereu Ramos, ao lado da Delegacia, do outro lado do rio), e tantos outros... 
A Associação de Produtores Rurais, ainda localizada nas proximidades da Prefeitura, teve seu foco na produção de trigo e seu beneficiamento durante uma época. Lembro que quando criança, tive a oportunidade de participar de um pichirum dedicado a bater trigo na casa do Elói Telma. Para lá, foram várias famílias e a máquina da Associação.  Me cocei por dias inteiros depois da tarefa, pois o trigo tem umas micro-farpas que se prendiam nas dobras da pele e das roupas...rs. Isso sem falar da sujeira (pó) que impregnava nas narinas.
Bom, voltando aos moinhos... Parece que haviam alguns em Campo Alegre, contudo, após o Tratado do Brasil-Argentina, que envolvia a parceria mútua na compra de petróleo brasileiro pela Argentina e do Trigo argentino pelo Brasil. 
Para que essa compra desse certo, o Brasil deveria parar de incentivar a produção de Trigo em seu território.  Lhe interessava mais, financiar o programa de Petróleo, com a recém criada Petrobrás. Como estratégia, o governo, "dificultou" a manutenção dos moinhos em atividade. Assim, com restrições burocráticas e impostos proibitivos, muitos moinhos fecharam nos anos 60 e 70. Por conseqüência, muitos colonos deixaram de plantar o trigo, pois se tornava caro e difícil levar sua produção para longe para ser transformado em farinha.

Um dos moinhos, que não conheci, mas que muito ouvi falar foi o Moinho do Friedrich.  Seu Ernesto Friedrich era um homenzarrão, não apenas grande em tamanho físico mas em também em caráter. Além de proprietário desse moinho era também Juiz de Paz.  Na época da 2º Guerra Mundial (1939-1945), pela falta de petróleo, muitos tinham automóveis movidos a lenha (carvão, na verdade), a esse tipo de propulsão, se chamava Gasogênio. No moinho do Friedrich, também havia um estoque grande de nós de pinho e lenha com a finalidade de abastecer os carros. Seu Friedrich comprava os nós de pinho e os revendia para os donos de automóveis.
Informe Publicitário da Época sobre o funcionamento do Gasogênio
O Moinho do Friedrich ficava a beira do rio Turvo, bem próximo da atual rodoviária. Lembro que na infância, íamos ali, (a casa já não existia mais, foi comprada por uma empresa de Joinville), para comer frutas e tomar banho no tanquinho do Friedrich.
Vou postar uma foto aqui sobre a família do Friedrich e seu moinho. Serão duas fotos, na verdade, na primeira a esquerda aparece uma família visitando o moinho que está ao fundo (foi a unica foto que encontrei que mostrava o moinho); a segunda foto é dos Friedrich num dia da Páscoa.
Em tempo: agradeço as fotos ao Tio Gêno e a Tia Raquel. :-)


Voltando a Falar sobre o Gasogênio e o nó de pinho campoalegrense. Em escuta com o Noirton Schroeder, ele contou que Arnaldo Duvoisin, Pedro Gomes e Tuia Schroeder estocavam nós de pinho numa mangueira atras da casa do Zuti e essa pilha chegava até 5 metros de altura. Tal pilha era por sua vez, baldeada pelo "velho Douat" para o Bucarein em Joinville. Diz-se que eram usados nas caldeiras de navios de guerra na década de 40.
Infelizmente, não possuo nenhuma foto com algum carro em Campo Alegre, que use gasogênio, embora, saiba que havia caminhões e carros que usavam o sistema.
Tanto a foto do ônibus aqui acima quanto a do anúncio, foram retirados do site: http://www.carroantigo.com/portugues/conteudo/curio_GASOGENIO.htm - nessa página tem muitas curiosidades sobre carro e no endereço em questão, tem uma explicação bem completa sobre como funcionava o sistema de gasogênio.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Rápidas palavras sobre Escolas e Professores.

Há muito tempo atrás, Professor era uma profissão de enorme prestígio! Ainda é honrosa, contudo, é trilhada a duras penas por aqueles que a escolhem. Infelizmente, durante muito tempo se entendeu esse ofício quase que como um sacerdócio... uma missão! Hoje, ainda bem, o entendimento converge que é uma Profissão importantíssima sim, mas que como tal, deve ser, (de preferência muito bem), recompensada. 

Na virada do século, as famílias mais abastadas eram as únicas em Campo Alegre, que podiam bancar professores para seus filhos. Assim, traziam o profissional até suas casas, e os hospedavam e os assalariavam. Em troca, os mestres deveriam ensinar aos filhos do contratante e seus agregados. Se formaram algumas escolas ou locais, se considerarmos o exemplo do "Grupo Escolar Lebon Régis" que teve seu funcionamento em mais de um local. Em relação ao Lebon, sua primeira sede, é descrito como um local logo atrás da atual Rodoviária; posteriormente, foi construído duas salas onde ele fica atualmente. Segundo Dona Santinha, quando esta tinha seus dez anos (1930), estudou em uma destas salas, onde funcionava pela manhã a 1º e 2º ano e a tarde funcionavam o 3º e o 4º ano. Sua primeira Professora ( e Diretora)  Emérita Duarte Silva.
Buscarei junto ao Colégio Lebon Régis mais informações, provavelmente eles devem ter preservado toda sua rica história, (que é o que esperamos de um estabelecimento voltado a cultura e a educação).
Na história de Campo Alegre, o Primeiro Professor Régio foi o Sr. Arnaldo de Almeida e a  Segunda foi a Professora Régia Emérita. anteriormente, havia apenas os custeados por via particular). 
Segundo definição do Dicionário Michaelis: Professor Régio: ant: Professor nomeado pelo Governo para reger uma cadeira de instrução primária ou de liceu.
Dir. para Esquerda: Professor Régio Arnaldo Almeida, Professora Maria José Duarte Silva Bernardes (Tia Zezé), A menina   Arnoldina Duvoisin(anos mais tarde seria Prof. Noldi), Professora Zuleika e o Menino Chenque. 

Professora Emérita Duarte Silva

Em relação a fundação do Lebon Régis, há algo de controvérsia, pois sua data esta fixada como 1938, todavia, a escola já funcionava bem antes disso. O que ocorreu, é que em 1938 ela (a escola) foi nomeada com o nome que tem até hoje: Lebon Régis. Ao que parece, este político, Engenheiro e Militar catarinense, foi um dos responsáveis pelo traçado das principais ruas do município. Saiba mais: http://www.portalweblebon.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=51&Itemid=95
Antes de 1939, provavelmente tinha outro nome, que infelizmente, desconhecemos. Ainda há menção da "Escola Complementar" que funcionava no prédio da Cooperativa de Erva Mate e a Escola Alemã, que havia onde hoje está o supermercado em frente ao Lebon.

Professora Maria José Bernardes e sua turma de formandos de 1944
Em tempo: nesta última foto, está a Professora que cedeu o nome a Escola Municipal situada na rua Nereu Ramos. Ela inclusive, era irmã da Professora Emérita citada antes. Outra irmã da Professora Emérita era Sra. Arcinoé Duarte Silva Schroeder (Dona Cici - mãe do Noirton).
 
Continuarei falando de nossos Professores nos próximos textos.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Autoridades em 1950 e Lorenz

Em textos anteriormente postados, citei em alguns momentos autoridades da época. Algumas eu ja identifiquei em fotos, mas outras ficaram faltando. Uma das faltas que cometi, foi não indicar ainda, o Prefeito Carlos Brandes. Brandes, veio a Campo Alegre na condição de Administrador Geral da Fábrica de Fécula de maizena da Lorenz. Essa fábrica ficava na cascata, e usava vários prédios e galpões. Hoje permaneceu apenas uma parte deste complexo, que é aquele prédio emxaimel (ou Fachwerk); onde hoje funciona o hotel privado da recreativa Tigre. Antes de continuar falando sobre o complexo da Lorenz, vou postar uma foto de Brandes, quando este já tinha sido eleito pela (UDN), anos mais tarde de sua vinda a Campo Alegre:

Esq. pra Dir.: Odorico Cubas; Carlos Brandes, Delegado Apolinário e Diretora Zuleika Bansani.
 Mas, deixando o Brandes político, voltemos a Lorenz. Essa empresa tinha, grandes tanques de decantação próximos a sede, onde ficavam ali os cereais depositados. Dali sobravam um composto que muitos colonos vinham buscar para servir como complemento na alimentação das criações ou até mesmo como fertilizante.
Tenho uma foto, conseguida com a Dona Inezilda Scharwz, que foi tirada de cima da cascata e mostra no primeiro plano a dimensão da Lorenz e mais ao fundo a cidade como era nos anos 40. Vamos a ela:
Percebam que o enorme duto que transportava água até o complexo. Quando criança, cheguei a ver alguns pilares ainda em pé deste duto. Do lado direito do complexo dá para se notar o telhado da construção enxaimel que ainda permanece. E comparando esta construção com as demais, percebe-se a dimensão da Lorenz. Eu ainda vou tratar da Lorenz e do papel de Brandes nesse contexto, mas apenas vou adiantar, que na verdade unidade daqui foi transferida para Cianorte no Paraná. A empresa continua em atividade, conforme pode-se verificar pelo site da empresa : http://www.lorenz.com.br/. Neste site comercial, a própria empresa nos esclarece suas atividades e parte do seu histórico, embora seja uma pena, não citar Campo Alegre como parte de sua história:

"A Companhia Lorenz, 100% brasileira, foi fundada em 1916 por Hans e Fritz Lorenz, netos do cientista alemão Fritz Muller.
A primeira indústria de fécula de mandioca da América Latina teve origem na escassez da oferta de um produto similar (fécula de batata) oriunda da Europa; fruto das dificuldades surgidas com a 1ª Guerra Mundial."

terça-feira, 1 de março de 2011

Família! Papai, mamãe, titia...

Bom dia! Vou colocar hoje uma foto reveladora. Trata-se da foto de um almoço comemorativo oferecido pela administração municipal na época, alusivo ao Centenário de Campo Alegre (1997). Nesse almoço, foram convidados as famílias fundadoras da cidade que eram alegadamente espanholas quando da fundação da cidade, por isso, o cardápio era paella e teve apresentações de grupos foolclóricos da cultura espanhola - (todos de fora da cidade). Extranhamente minha família não foi convidada, (talvez por algum extravio do convite no correio), sou Cubas por parte materna do meu pai e a foto do meu pai estava ali fixada na parede, pois além de Cubas-Duvoisin, também foi prefeito.

Na época, um engano histórico foi cometido. Creio que pela conveniência, foi mais fácil acreditar do que questionar, o que convenhamos, é uma prática perigosa.
Pelo fato Prefeito eleito na época, Sr. Manoel Del Olmo ser extrangeiro tanto em questão de nacionalidade (é espanhol), quanto em identificação cultural a nossa cidade; necessitava ter algo que o ligasse à população. A resposta veio com a comemoração do Centenário Político da cidade em 1997. Divugou-se amplamente o mito que as famílias fundadoras eram todas (ou ao menos, sua ampla maioria) espanholas: Cubas, Munhoz, Bueno Franco, Amorim ... e por aí vai! 

É relativamente farto o material publicado e que está a disposição na internet e por outras mídias que isso não é verdade. São famílias que até podem ser descendentes, mas quando de sua vinda para esses campos, eram famílias brasileiras. Hoje quem estuda a matéria converge seu entendimento que estas famílias, eram famílias de latifundiários que receberam incentivos do Governo do Paraná para que aqui se fixassem e garantissem pela posse o direito, deles e do estado em questão, de anexar essa região politicamente ao Paraná.

Essa mania de "europeização" e "nobreza" (sem nobreza alguma) de tudo o que cerca nossa história é um fenômeno social interessante e que merece mais estudos e abordagens neste blog. Prometo que irei discorrer sobre isso em breve.

Estou preparando um material sobre a família Duvoisin, (que não foi uma das das primeiras colonizadoras de Campo Alegre, mas o foi uma das famílias originais da Colônia do que viria ser Joinville - isso mesmo antes da Barca Colon chegar e marcar oficialmente a data de sua fundação); e também sobre a família Cubas.
Para que não perdessemos mais o "o fio da meada" de NOSSA história, rogo aos leitores, que se tiverem interesse em colocar a história específica de sua família, que entre em contato comigo, pelo comentário ou através de meu email.
O Liska ja está preparando alguns fatos sobre a família AMORIM, e espero que outros sigam seu exemplo e me mandem textos e material pra publicar.
Para terminar, deixarei aqui uma foto antiga e muito interessante. Ao que parece, foi tirada na propriedade de Afonso Camargo e sua esposa Purcina Cubas. Bem a direita da foto, está o pai de Purcina e seus filhos solteir@s. Esta foto data aproximadamente na virada de dos séculos XIX-XX, ou seja, é contemporânea da fundaçao política de nossa cidade! 

Família do Cel. Afonso Aires Cubas - um dos Fundadores da Cidade
Reparem, que era gente de muitos recursos, pois havia uma carruagem a esquerda, o que indica que a Familia do Coronel Aires Cubas, tinha se deslocado para ali, juntamente com o fotógrafo (que era algo muito caro). Interessante uma tendência de época: em se separar os núcleos de família já na foto. Assim, as filhas e filhos solteiros ficaram junto do Genitor, filhos e filhas casados ficavam com seus respectivos núcleos, agregados (afilhados, empregados mais próximos, sobrinhos...etc) também ficavam separados - repare nas duas moças de branco bem a direita da foto, por exemplo: como elas estão em outro grupo que não a do Cel. Aires, elas não são suas filhas consangüineas, (provavelmente, sobrinhas, enteadas, "pegas pra criar"); pois se o fossem estariam no grupo principal mais a esquerda; e diferentemente da Purcina, (que não está com o grupo do pai, mas sim com seu marido), elas não se encontram acompanhadas de um marido e/ou filhos. Dessa forma, é possível especular as formações familiares naquela época, mesmo sem a legenda. Interessante, não?
No futuro falarei muito mais das famílias em questão. Abraço!